Futuro de Paulo Guedes e Bolsonaro
Engana-se quem pensa que o economista Paulo Guedes será uma espécie de primeiro-ministro se o capitão Jair Bolsonaro for eleito. O economista vai mandar um bocado, conforme é sabido, mas não tanto o quanto propala aos quatro ventos.
Desde já dois comandos centrais estão decididos: a macroeconomia vai para o civil Guedes; mas a infraestrutura ficará sob o mando dos generais Augusto Heleno (provável ministro-chefe do Gabinete Civil e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro) e Hamilton Mourão (vice-presidente na chapa militar).
O general Mourão já confirmou que pretende assumir a pasta da infraestrutura ou o comando de toda a área de projetos deste setor. O general Heleno, por sua vez, é quem tem tratado dos assuntos com maior impacto na formação bruta de capital fixo. O modelo liberaloide de Guedes exclui os agentes clássicos de desenvolvimento da economia.
Os cabeças de ponte da intervenção do Estado. Os generais não concordam com a ideia de que basta o ajuste das contas públicas e um bom ambiente regulatório para que o capital estrangeiro chegue em profusão para resolver o déficit de investimento do país.
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Na visão dos generais, o BNDES teria sua função espraiada para a análise de projetos – uma das maiores deficiências da área de infraestrutura – e auditoria de performance das obras. Uma das críticas ao banco é que os empreendimentos que financia atrasam e estouram os custos. Para o cumprimento das missões, uma hipótese seria o reforço da capacidade operacional do BNDES, com a realização de convênios junto ao Departamento de Engenharia e Construção do Exército e o Instituto Militar de Engenharia (IME).
Ambos cumpririam papéis hoje distribuídos junto a distintas instituições do governo, tal como a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Desde o início da candidatura Bolsonaro foi previsível que o governo teria o maior componente militar desde a abertura democrática. O que ninguém imaginou é a combinação do pensamento friedmaniano de Paulo Guedes com a visão nacionalista, patriota e desenvolvimentista dos generais.
Fonte: Relatorio Reservado